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Economia deve fechar o ano com crescimento de 2,4% e passar por processo de acomodação em 2026

by Roberto Cirino
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Ano de eleição, nova política do imposto de renda, redução da taxa do IPVA no Paraná e incentivos do governo ao consumo podem surpreender o mercado no próximo ano, é o que apontam economistas. 

O ano de 2025 deve fechar acima do previsto no final do ano anterior, de acordo com os economistas reunidos na última quinta-feira (05/12), durante a 17ª Edição do Discutindo Economia, realizado pelo Conselho Regional de Economia do Paraná, que analisou as “Perspectivas da Economia para 2026”. A expectativa é de encerrar o ano com crescimento de 2,4% no PIB. E, as projeções para 2026 são de acomodação na economia, após período de crescimento.

Economistas do Sistema OCEPAR, Federação da Indústria do Paraná (FIEP), Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (AMEP) analisaram o desempenho do agronegócio, indústria, comércio, turismo, serviços, emprego, renda e os cenários nacional e internacional, com foco especial na economia paranaense.

AGRONEGÓCIO

O economista Salatiel Turra, do Sistema Ocepar, analisou o desempenho do agronegócio, que segue como principal garantidor do superávit comercial, mas vem enfrentando volatilidade de preços e desafios climáticos e geopolíticos (como as medidas tarifárias dos EUA). No que se refere a produção, a expectativa é de novo recorde para 2025/2026, com destaque para soja e milho. Ainda segundo ele, o emprego de tecnologia e cooperativismo são pilares da força paranaense no campo.

Os maiores desafios que o setor tem enfrentado são o aumento do endividamento do produtor, custos de produção, recursos limitados do Plano Safra e dificuldades com seguro rural. Mesmo assim, há otimismo em relação a 2026, prevendo expansão de mercados e recuperação gradual de preços. A área rural, tem buscado investir mais na biotecnologia e tem observado a necessidade urgente de conectividade rural para empregar os recursos de IA.

INDÚSTRIA

Quanto à importância e peso da indústria estadual no cenário nacional, a paranaense ocupa uma posição de destaque. De acordo com o economista da Fiep, Evanio Felippe, “pelo foco da indústria de transformação, somos a terceira maior locomotiva industrial do país. Também somos um dos maiores exportadores de bens e serviços para o mercado internacional. No quesito empregabilidade, a indústria paranaense é um dos maiores geradores e empregadores de mão de obra dentro da atividade industrial nacional.”

Com participação de quase 29% no PIB estadual, o setor industrial paranaense tem demonstrado bom desempenho ao longo de 2025. A produção industrial, tem crescido acima da média nacional, puxado pelas atividades de fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, fabricação de produtos químicos, fabricação de máquinas e equipamentos, etc. Ao todo, são nove atividades produtivas que têm performado de forma positiva contra quatro com trajetória de queda na produção.

No que tange às expectativas para 2026, a indústria paranaense encontra alguns desafios que podem influenciar sua trajetória de crescimento, principalmente os custos elevados do crédito (juros altos) para financiamento produtivo e o movimento de apreciação cambial que pode afetar a capacidade de vendas de produtos paranaenses no mercado externo. Tudo isso pode pressionar as condições de competitividade da nossa indústria”, observa Felippe.

 Em relação à capacidade de consumo da economia, o economista diz que é esperado um aumento do poder de compra por parte da população que foi agraciada com as isenções do Imposto de Renda e a injeção de recursos na economia por meio do fundo partidário em decorrência das despesas para a realização das eleições majoritária no ano que vem. Isso tudo deve beneficiar a economia como um todo com impactos positivos para a atividade industrial. No cenário externo, as tensões geopolíticas merecem atenção, pois podem afetar toda a dinâmica da atividade econômica para 2026.

COMÉRCIO, SERVIÇO E TURISMO

Lucas Dezordi, economista da Fecomércio, diz que o cenário do setor privado de serviços representa 48% do PIB paranaense (sem imposto), atingindo patamar histórico na geração do emprego formal. O desempenho do comércio varejista e atividades turísticas evidenciam crescimento robusto pós-pandemia. Segundo ele, o turismo paranaense tem se reestruturado e atraído grande público, em virtude do ecoturismo, grandes eventos, shows internacionais e a gastronomia.

Para o próximo ano, Dezordi aponta uma leve desaceleração no ritmo de vendas do comércio e na economia como um todo, o que ele chama de ‘acomodação do crescimento’, seguindo tendência nacional, mas com indicadores ainda positivos. Também destaca o consumo das famílias, que deve ser sustentado por medidas de incentivo.

MERCADO DE TRABALHO E EMPREGO

O mercado de trabalho, de acordo com o economista do Dieese, Sandro Silva, vem surpreendendo positivamente, com queda na taxa de desocupação (5,4% no Brasil) e crescimento da renda real, também puxada pelo consumo das famílias. “A geração de empregos é forte, especialmente em serviços e indústria. Mais de 78% das negociações coletivas realizadas em 2025 obtiveram ganho real para o trabalhador.

Mesmo com os dados positivos alcançados, ainda, segundo o economista do Dieese, o mercado enfrenta alta informalidade e precarização (pejotização e terceirizações), o que faz com que a qualidade do emprego seja pior do que em 2014. Para 2026, a expectativa para o setor é na diminuição do ritmo de geração de empregos, segundo ele. E, que o grande desafio é melhorar a qualidade dos empregos.

CENÁRIOS NACIONAL E INTERNACIONAL

O economista da AMEP, Wilhelm Meiners, analisou o comportamento dos mercados no âmbito nacional e internacional. De acordo com ele, o mundo tem sido atingido pela ‘Trumpconomics 2.0’, com a imposição agressiva da política tarifária por parte dos Estados Unidos, que impacta em alta fragmentação geopolítica, provoca incertezas e tem desacelerado o comércio global.

Já, no cenário nacional, ele aponta que a economia tem se mostrado mais resiliente do que o esperado, com PIB crescendo acima das projeções, podendo fechar em 2,4% neste ano. Esse resultado, segundo Meiners, tem sido alcançado em virtude da retomada dos investimentos públicos. O que impede um crescimento maior é a taxa de juros real, que é excessivamente alta (cerca de 10%), o modelo de metas de inflação muito rígido (3%) e juros elevados têm segurado uma alavancagem ainda maior, onerando o setor produtivo e as famílias.

Para 2026, o economista diz que por ser um ano eleitoral, deve haver uma grande injeção de recurso na economia e a isenção do Imposto de Renda devem beneficiar o poder de compra das famílias. A projeção é que a economia cresça de 2,2 % a 2,4%, com inflação controlada e desemprego estável em patamar baixo.

O evento, conduzido pelo presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná, Odisnei Antonio Bega, finalizou com uma rodada de perguntas para o público presente no auditório e para os que acompanhavam via plataforma online.

Assista na íntegra no canal do Youtube do CoreconPR:

https://youtu.be/log-grzIs-A


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