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O que você precisa saber sobre o câmbio

by Corecon PR
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Depois de uma escalada que durou alguns meses e terminou por estabelecer um patamar próximo a R$ 2,10 para a cotação do dólar comercial, os últimos dez dias trouxeram algumas surpresas. A cotação baixou com alguma força, e anda agora rondando R$ 1,95. Pessoas acompanham essa variável econômica com algum interesse pessoal – trabalham com comércio exterior ou estão programando alguma viagem ao exterior, por exemplo – podem ter ficado um pouco confusas. Afinal, o que isso quer dizer? Afinal, a moeda americana vai cair? Devo esperar para comprar moeda ou aproveito o preço atual?

A questão é mais complicada do que parece. A cotação do dólar no mercado brasileiro não depende só do que acontece por aqui: ela está ligada, simultaneamente, às condições econômicas dos Estados Unidos – afinal, são eles que emitem a tal moeda. Se os juros lá caem ou descem, se o desemprego diminui ou aumenta, tudo isso tem reflexos nas cotações brasileiras.

O economista Luciano D’Agostini, professor da FAE e membro do Grupo de Pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento do Conselho Nacional de Pesquisas, observa que houve uma mudança recente nessas relações, que fez com que o dólar perdesse um pouco de valor. “Não só na comparação com o real, mas também com outras moedas”, comenta. A economia americana está voltando a crescer, a brasileira está patinando. E o governo americano está imprimindo muita moeda. Esses e outros fatores alteraram o equilíbrio que se havia construído ao longo dos últimos 14 ou 15 meses.

Nesse ambiente, o papel do Banco Central deve ser o de impedir grandes variações da moeda – chamadas de “volatilidade” no jargão do mercado. Em situações como essa a autoridade monetária vai ao mercado, comprando ou vendendo contratos de dólar no mercado futuro. Isso vem acontecendo.

A questão é que ainda não está bem claro o patamar em que o dólar vai estacionar. “Pela condição das variáveis macroeconômicas, ele poderia chegar a até R$ 1,60 ou R$ 1,70”, diz D’Agostini. Mas vai ser difícil que isso aconteça, porque o governo vem deixando claro que não vai permitir uma cotação abaixo de R$ 1,85 – o próprio ministro Guido Mantega falou sobre isso, há coisa de uns dez dias. “Se o dólar cair demais, as empresas brasileiras terão dificuldades para exportar. O nível de emprego pode cair, e isso não é bom com o grau de endividamento em que as famílias brasileiras se colocaram”, comenta. “A chance de uma queda muito grande é pequena, porque o governo não vai deixar.”

Na prática, D’Agostini acredita que os patamares atuais devem se manter por algum tempo, com o comercial na faixa de R$ 1,96 e o dólar turismo – aquele que o viajante compra nas casas de câmbio – por volta de R$ 2,10. “Uma flutuação de uns 2% num dia não seria algo anormal, então essa cotação poderia subir ou cair uns cinco centavos, para depois voltar”, afirma. Esses momentos de baixa devem ser aproveitados para comprar um pouco de moeda. “Em todo caso, quem compra US$ 2 mil para gastar numa viagem não vai sentir muita diferença”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

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