Economistas do Paraná preveem indicadores com pouca ou nenhuma evolução positiva para o próximo ano no País
Folha de Londrina
Curitiba – Mesmo com a Copa do Mundo e as eleições, o ano de 2014 não traz bons presságios para a economia. A previsão é que o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) cresça cerca de 2,2% no próximo ano. A inflação deve fechar 2014 na casa de 5,9%, o dólar deve ficar no patamar de R$ 2,39 e a taxa básica de juros da economia – a Selic – deve ir a 10,4% até dezembro de 2014. As estimativas são dos economistas que participaram ontem de um debate promovido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), em Curitiba.
“Talvez o meu desejo fosse manifestar a vocês um feliz 2015. Eu diria que não virão dias melhores (no ano que vem)”, disse o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, durante o debate.
Ele alertou que o governo federal abandonou o tripé câmbio flutuante, superavit primário e metas de inflação e não colocou um projeto alternativo consistente no lugar. Lourenço disse que está havendo uma “deterioração dos principais fundamentos macroeconômicos com crescentes deficits externos e buracos nas contas públicas, além de uma negligência assustadora no combate à inflação”. Destacou ainda que o País paga 4,9% do PIB em juros para rolar a dívida de US$ 1,5 trilhão. Também ressaltou que no Brasil há uma ausência de um projeto de desenvolvimento de longo prazo e de política econômica.
No entanto, ele destacou que a economia paranaense deve crescer acima da brasileira em 2013 e também no próximo ano. Para este ano, o PIB brasileiro deve crescer 2,5% e o do Paraná entre 4,3% e 4,6% em função dos efeitos da safra no Estado. Ele acredita que em 2014, o Paraná deva repetir o mesmo crescimento do PIB de 2013 em função do agronegócio, da safra e da renda.
O economista da Federação das Indústrias do Paraná, Roberto Zurcher, disse que a previsão é que a produção industrial do Paraná tenha um crescimento de 1,7% em 2013 e de 2,4% no próximo ano. No entanto, não há motivos para comemorar a previsão de crescimento maior em 2014 porque foi feita com uma base de comparação muito deprimida de 2013. Segundo ele, o crescimento do próximo ano será possível em função dos investimentos realizados na indústria do Paraná.
O grande gargalo para o setor, observa ele, é a competitividade devido a obstáculos como infraestrutura e tributos. “Estamos crescendo e não nos desenvolvendo”, disse outro economista da federação, Maurílio Schmitt.
Para ele, muito do consumo no Brasil foi estimulado por manobras do governo. “Temos empecilhos colocados a nossa frente toda hora”, disse. Para ele, o País está “namorando com a reindexação da economia e isso está sendo introduzido de maneira sorrateira”. Zurcher destacou também que as exportações do Paraná e do Brasil ainda estão muito baseadas em matérias-primas e não em produtos manufaturados.
Mercado de trabalho tem boas perspectivas
Curitiba – Para o mercado de trabalho as perspectivas são um pouco melhores. O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fabiano Camargo, acredita em continuidade da geração de empregos no Estado, com possível aceleração, aumento da renda e manutenção de baixas taxas de desemprego.
Ele lembrou que o primeiro semestre deste ano foi difícil para o emprego no Brasil, mas com a atividade econômica melhor no segundo semestre, o emprego começou a dar sinais de recuperação e se mostra mais promissor.
No entanto, entre os principais problemas que ainda persistem no mercado de trabalho ele apontou a informalidade alta, os salários baixos, a alta rotatividade, as diferenças salariais de gênero e raça e a saúde e segurança no trabalho. Ele ressaltou que hoje as mulheres ganham 20% menos que os homens e os negros têm a remuneração 30% mais baixa que os brancos.
Agricultura
Na safra de grãos 2013/14 a produção do Estado deve ser de 36 milhões de toneladas e cerca de 2% menor em relação ao ciclo anterior. O economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Pedro Augusto Loyola, explicou que isto deve ocorrer por conta da redução na área plantada de milho em 5%. Na safra anterior foram produzidas 17,6 milhões de toneladas de milho e, para a próxima, a previsão é de 16 milhões de toneladas com 7% de redução na produção.
As previsões dele ainda apontam para aumento de 5% na área de soja com manutenção de preço. A área prevista total de grãos é de 9,5 milhões de hectares ou 3% maior que na safra anterior. (A.B.)