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2024 será de índices comportados, emprego com salário menor e crescimento tímido

by Roberto Cirino
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Economistas de diversos segmentos da sociedade traçaram panorama do ano, no evento “Perspectivas da Economia 2024”, reconheceram melhor desempenho de 2023 e apontaram desdobramentos para o ano que se aproxima.

Time de economistas traçou o panorama do ano no tradicional evento promovido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR), o “Perspectivas da Economia 2024” que reconheceu o melhor desempenho de 2023 e apontou desdobramentos para o ano que vem. Capitaneados pelo atual presidente do CoreconPR, Celso Machado, com “um naipe de primeiríssima” como o próprio economista definiu, o debate arremata o calendário anual na intenção de avaliar a economia nacional e global, bem como o impacto na sociedade, em especial na vida dos paranaenses. Em linhas gerais, a boa notícia é que as famigeradas inflações, taxa de juros, câmbio tendem a seguir na direção decrescente em 2024, assim como a taxa de desocupação, porém, com um salário menor se comparada a média histórica da PNAD Contínua do IBGE. Outro ponto de atenção foram as influências das decisões políticas que afetam a economia como a reforma tributária em curso.

Os economistas participantes deste ano foram: Luiz Eliezer (Faep – Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Mari Santos (Fiep – Federação das Indústrias do Estado do Paraná), José Pio Martins (ACP – Associação Comercial do Paraná), Sandro Silva (Dieese – Departamento Intersindical de Estudo e Estatísticas Socioeconômicos) e Lucas Dezordi (Valuup – empresa de consultoria e assessoria na área econômico-financeira). As apresentações tiveram 20 minutos e mais tempo para perguntas no final.

O presidente do CoreconPR comemorou o fato de que mesmo diante de um cenário adverso com “graves conflitos do Oriente Médio e Leste Europeu”, o PIB de 2023, deve superar a marca dos 3%. Também citou algumas oportunidades que seguirão pelos próximos anos, como o conjunto de demandas provenientes dos negócios com as economias emergentes.

Agronegócio: transbordando o alto desempenho para outros elos da cadeia

Os exuberantes números do agronegócio brasileiro e paranaense foram apresentados pelo economista da Faep Luiz Eliezer. “Lideramos (o Paraná) a produção de frango, tilápia, celulose e madeira e exportamos fundamentalmente o açúcar. Porém, o agro não tem um comportamento linear”, ponderou.

O economista fez questão de ressaltar que o Paraná retoma o quarto lugar no ranking das economias do país, em função do agronegócio. “Somos líderes na produção nacional de carnes, vice-líderes na produção de grãos. Mais de 70 por cento de tudo que exportamos são produtos do agro. soja, milho e trigo são a locomotiva do nosso Estado e não temos grande destaque na exportação de milho, por sermos grandes consumidores em função do elevado consumo para a produção de carnes”. Ainda nesse sentido, ele defende que “quando a agropecuária vai bem ela tende a transbordar empregos para os outros elos da cadeia produtiva”. Sobre a reforma tributária, Eliezer comentou que um ponto importante para o agro seria a redução da alíquota em 60%.

Indústria: mais otimista e confiante a depender dos avanços políticos e econômicos

Um ano que termina melhor do que o esperado e com uma série de indicadores dando conta disso. A analista de Desenvolvimento Econômico na Gerência de Desenvolvimento Industrial e Social da Fiep, Mari Santos, fez a lição de casa e mostrou que pela Fiep, Brasil crescerá 2,89% em 2023, terminará com 4,63% de inflação (IPCA) e isso com uma taxa de juros ainda de 11,75% a.a. Mas, que seguindo na toada que está, 2024, terá um crescimento tímido, 1,50% de PIB, contudo, juros vão 9,25 % a.a e inflação cai para 3,91% (IPCA).

Os resultados da Sondagem Industrial da Fiep, que serão lançados nos próximos dias, podem confirmar esse alívio, conforme a economista. A exemplo do crescimento de 2023, que foi muito melhor do que se previa no final de 2022, a indústria encerra o ciclo com mais confiança na acomodação dos índices. As reformas estruturantes, expectativa sobre investimentos em infraestrutura e o novo PAC, segundo Mari, injetaram fôlego novo para o setor.

Comércio: atenção aos novos modos de consumo

O economista José Pio Martins, representado a ACP, onde integra o Conselho de Economia e Finanças (Codef), trouxe ao debate duas constatações: mudanças no processo de consumo e desaceleração do crescimento da população no Brasil e no mundo.  A primeira já afetou os números de vendas recentes e vai afetar daqui para frente qualquer estratégia tradicional de comércio de produto ou serviço.

Ele citou uma provocação que fez para a Associação. “Vocês já conseguiram cadastrar a AMAZON na ACP, como empresa associada, já que ela é uma empresa comercial, que, aliás, está engolindo grande fatia do mercado do comércio?”. Para deixar clara a necessidade de que o mundo não será mais o mesmo. Não se venderá da mesma forma, nem na mesma velocidade. “A população mundial começou a diminuir, inclusive no Brasil e isso muda tudo, inclusive a demanda”, alertou.

Emprego: trabalho sim, com menor remuneração

 A taxa de desocupação reduziu para 4,6% no Paraná e 7,7 no Brasil no 3º trimestre de 2023 contra dois dígitos que se repetiram pelos anos anteriores em função de uma série de fatores, mas a qualidade do emprego recuperado, sobretudo, no que se refere à remuneração ficou bem aquém. Essa foi uma das principais ponderações feitas pelo economista e supervisor técnico do Dieese Sandro Silva. Na série histórica da entidade, com dados do Caged, dá para ver exatamente que em outubro de 2020, o salário médio inicial de admissão era R$ 2078,25 (Brasil) e outubro de 2023 foi de R$ 2029,33. “É clara a precarização e piora no mercado de trabalho, apesar da melhora da taxa de desocupação que tem uma influência da desistência de parte das pessoas que deixaram o mercado de trabalho”, esclareceu o economista.

Dentro da meta

O economista Lucas Dezordi da Valuup (empresa de consultoria e assessoria na área econômico-financeira) confirmou a tendência de queda nos índices. Aposta em IPCA fechando em 3,78 para 2024, a inflação sempre abaixo do limite superior da meta. Crescimento tímido de 1,5%. Estabilidade na taxa de câmbio entre R$ 4,50 e R$ 5,00). Já para a taxa de juros, Dezordi é mais otimista, acredita que o Brasil feche em 9% a.a em 2024 e, em 2025, o BC reduza a 8,25% a.a. “A queda da inflação de serviços e das commodities abrem espaço para uma queda consistente dos juros Selic. Para 2025 esperamos Selic de 8,50%.

O conteúdo na íntegra pode ser acessado no Canal do Youtube do CoreconPR https://www.youtube.com/watch?v=q3nLhEmpU0c

Texto: Magaléa Mazziotti e Ines Dumas

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